segunda-feira, 10 de abril de 2017

meaw

língua seca
e alma seca
e água seca
e a vontade [de te ter]
tudo arde
tudo invade
e a vontade [de te ver]
maior que eu
maior que ser
maior que tudo que eu quiser e que eu tiver
me lambe [por prazer]

sábado, 8 de abril de 2017

gatuno

deixa que eu me aproxime
deixa eu beijar você
deixa eu lamber sua boca
deixa eu chupar sua língua
deixa eu tirar sua roupa
deixa eu chupar sua pica
deixa eu beber seu leite
deixa eu ficar em sua pele
[gatunamente]








segunda-feira, 3 de abril de 2017

desapercebido

eu fiquei ali te olhando
vendo você pra lá e pra cá
imaginando seus braços
imaginando seu corpo
daquele jeito que era
o jeito da sua pele
seus cabelos desenrolados
a barba que crescia preguiçosa
os músculos que brincavam entre a carne macia
as pernas firmes que sustentavam a sua força
olhando você, pra lá e pra cá, eu te queria
bebemos no mesmo corpo
secamos da mesma água
segredos trocados, nos mitos
o desejo em tua direção
teu olhar percebia sem entregas
ainda assim foi bom te ver e desejar você
essa noite, eu te quis
bem assim, sem propósito algum pra logo mais
ali, te vi, te quis.
sabia que sê-lo, bom seria
correr minha língua pelo corpo teu
sentir teu calor, lamber os teus lábios
morrer de cansaço sobre o dorso seu
depois sobre você descansar
enquanto nus, pegávamos o sono.


sábado, 1 de abril de 2017

1/4

teus beijos eram de mentira[?]
doubt_

sexta-feira, 31 de março de 2017

personificação ou prosopopéia

nos deitávamos sob as estrelas
ou eram elas que se deleitavam sobre nós?
ficávamos juntos, soltando palavras soltas no ar
desejando coisas, planejando tempos que viriam queimar
ardia dentro do peito, e também mais abaixo, ainda puro o desejo
e se queria, e se ardia e se podia mais em paz amar
como era puro e doce e entregue o meu amor e o meu amado
se no total não era tanto, no intento era quisto sê-lo
e é disso que se importava e disso que nos fazia sabê-lo
e alimentá-lo, o amor.
ah os olhares maus dos que nos cegam e apagam as estrelas que outrora se a[s]cendiam
as línguas que maldosas encerram e do céu os pontos luz como fogo estranho o brilho lambiam
devassidão do matadouro, inferno sobre o paraíso
nos perdemos entre estrelas
onde foi o meu amor[?]
escondeu-se o meu abrigo
e nas noites tem estrelas
mas não tem o nosso olhar
não tem relva, não tem acalanto
não tem mais você pra amar
[onde sob eu me deitarei sem te lembrar?]



o gozo

goza em mim todo teu prazer
entra em minha pele feito o calor do norte de atlanta
onde o céu é mais azul e o sol é pesado
descasca a pele dourada sobre o mar, o pescador
desliza em mim tua tez suada
finca em mim
e tire antes que chegue no cais pra fazer carnaval
feito serpentinas, fitas de mil tons e vida
o teu sabor ávido leite
vem, deságua [essa porra] em mim

cantiga I

ele quis, ele também
todos os dias sentavam-se ao banco à hora mágica
às vezes diziam tudo
às vezes não falavam nada
tocavam os livros
trocavam os livros
tocavam as mãos
trocavam nas mãos
se perdiam no olhar
dentro um do outro.
era hora de ir
era hora de vir
voar, voar, no ar
chegar, partir
ir e vir, voltar
sentavam-se ao banco também às manhãs
enquanto ainda havia orvalho sobre os sapatos
depois de secos podiam deitar
deitavam junto, lado a lado
olhavam, pouco diziam
comiam, sorriam, partiam
sabendo que amanhã iriam voltar
se chovesse, houvesse sol
haveriam os dois
ele quis, ele também
um dia, num repentino gesto
cansado de esperar
ele se ajoelhou, ele também
disseram sim, selaram, amém
agora eles tem os bancos, os dias e a hora mágica e todas as outras
e quando já é tarde sopra-se o fogo
e em meio ao escuro queimam os dois
[ascende o amor]